Publicado em 1895, A máquina do tempo foi um livro pioneiro em muitos aspectos. Ele foi o primeiro romance de H. G. Wells e popularizou a ideia de viagem no tempo. Além disso, a obra foi o pontapé inicial de uma sequência impressionante de livros que se tornariam clássicos escritos pelo autor inglês: depois de A máquina do tempo, vieram A ilha do dr. Moreau (1896), O homem invisível (1897) e A guerra dos mundos (1898).
O primeiro viajante do tempo
A história começa com a reunião semanal de um grupo de amigos na casa do protagonista, um cientista identificado desde o início apenas como O Viajante do Tempo. Entre bebidas e charutos, o cientista defende que viagens para o passado e o futuro são possíveis. Mais do que isso: ele apresenta o protótipo de uma suposta máquina do tempo que ele mesmo construiu. Como era de se esperar, ninguém acredita em sua teoria.
Na semana seguinte acontece uma nova reunião na casa do cientista, mas o anfitrião está ausente. Quando ele chega, está sujo, faminto, machucado e com as roupas rasgadas. Questionado sobre o que aconteceu, o cientista, depois de se recompor, revela que acabou de voltar do futuro e promete relatar sua aventura para os convidados.
Pronto. A essa altura, Wells já conseguiu fisgar a atenção do leitor.

Elóis e Morlocks
O Viajante do Tempo conta que foi para o inimaginável ano de 802.701. Lá, ele descobre que a humanidade evoluiu — embora esse não seja o termo exato — para duas novas espécies: os Elóis e os Morlocks. Para a sua surpresa, a máquina do tempo é roubada e ele é obrigado a passar um longo período naquela época distante. Enquanto luta para reaver seu transporte, o cientista tenta entender a dinâmica daquelas sociedades e desvendar como se deu a transformação da humanidade.
A explicação dada por H. G. Wells é uma sacada brilhante, que ele usa para criticar o abismo entre as classes sociais na Inglaterra industrial do final do século XIX. Com isso, o escritor inglês antecipa uma das qualidades mais marcantes da ficção científica, que é criar tramas com elementos tecnológicos, situadas em eras e/ou locais distantes, para abordar assuntos importantes de sua própria época.
Embora tenha cenas de luta, fugas e mistério, A máquina do tempo não é uma aventura frenética. O livro tem alguns momentos mais lentos, mas a criatividade de Wells continua impressionante. O próprio conceito da viagem no tempo foi completamente inovador. Hoje o tema é batido, mas ele nunca tinha sido desenvolvido da maneira como o autor fez.
Por sua originalidade, pela crítica social que apresenta e por continuar capaz de entreter, A máquina do tempo é um clássico que merece ser lido por muitos novos leitores.

A MÁQUINA DO TEMPO
Autor: H. G. Wells
Tradução: William Lagos
Editora: L&PM
Páginas: 160
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Postado por Lucas Furlan
É formado em Comunicação Social e trabalha com criação de conteúdo para a internet. Toca guitarra e adora música e cinema, mas, antes de tudo, é um leitor apaixonado por livros.