Resenha | O gato preto, de Edgar Allan Poe

CapaO gato preto (presente em Histórias extraordinárias)
Autor: Edgar Allan Poe
Tradução: José Paulo Paes
Editora: Companhia de bolso
Páginas: 11 (conto) e 272 (livro)
Compre pela Amazon: amzn.to/2iERtCl

Hoje é dia de escrever sobre mais uma “história extraordinária” de Edgar Allan Poe. Estou falando de O gato preto, que foi escrita em 1843 e se tornou uma das obras mais conhecidas do autor norte-americano.

Um gato preto chamado Plutão

No conto, um narrador anônimo e à beira da morte descreve “uma série de acontecimentos domésticos” que o horrorizaram há alguns anos atrás. Ele revela que não vai tentar explicar o ocorrido e que tem certeza que não é louco e nem que estava sonhando.

Com essa introdução, antes de começar a narração propriamente dita, Poe cria a atmosfera para prender a atenção do leitor. Ele utiliza esse recurso em vários de seus contos, e eu já tinha falado sobre isso na resenha de A queda da casa de Usher.

Em seu relato, o narrador descreve como o abuso de álcool causou uma transformação em sua personalidade: de um jovem carinhoso com a esposa e com grande afeição por animais, ele se tornou um homem impaciente e agressivo, capaz de maltratar violentamente seus bichos de estimação.

O animal que mais sofre em suas mãos é justamente aquele que era seu preferido: um gato preto chamado Plutão (não por acaso, o mesmo nome do deus dos mortos e do mundo subterrâneo na mitologia romana).

À medida que os atos do narrador vão se tornando mais extremos, ele passa a acreditar que o gato é algum tipo de entidade sobrenatural, que está aguardando uma oportunidade para se vingar dele. Obviamente, isso o deixa aterrorizado.

Poe (1809-1849) e Plutão.

Um narrador pouco confiável

O texto de O gato preto é absolutamente genial e traz Edgar Allan Poe em sua melhor forma. Entretanto, como o narrador tinha prometido, não há explicação para o que aconteceu com ele.

Como se trata de um conto de Poe, numa primeira leitura nós aceitamos que aqueles fatos macabros realmente aconteceram como é relatado. Mas será que podemos confiar no narrador?

Ele já tinha ouvido histórias sobre feiticeiras disfarçadas de gatos pretos e, além disso, a bebida tinha afetado sua saúde. Mesmo que o narrador afirme que não é louco, seus atos (descritos por ele próprio) nunca seriam realizados por uma pessoa 100% sã…

Edgar Allan Poe deixa que o leitor, arrepiado, tire suas próprias conclusões.

PS: a minha edição de Histórias extraordinárias é essa de bolso que aparece nas fotos, mas a Companhia das Letras acaba de relançá-la, com a mesma tradução, num formato luxuoso. O preço é mais salgado, mas vale apena. Além de ter capa dura, o livro tem textos complementares de Jorge Luis Borges, Charles Baudelaire e Julio Cortázar.

Nova edição de “Histórias extraordinárias”, publicada pela Companhia das Letras.

AVALIAÇÃO

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Fotos: Lucas Furlan, exceto imagem da nova edição de Histórias extraordinárias (Divulgação Companhia das Letras).

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