Resenha | O Homem da areia, de E. T. A. Hoffmann

Não sei vocês, mas eu adoro as histórias fantásticas da época do Romantismo. Elas transbordam imaginação e inventividade, com seus personagens intensos e normalmente assombrados pela loucura. Um ótimo exemplo é a novela O Homem da areia, publicada em 1816.

Nela, E. T. A. Hoffmann narra a crescente insanidade do personagem Natanael, graças ao seu medo da figura folclórica do Homem da areia (Der Sandmann, no original alemão). Em uma versão da lenda, ele é apenas o responsável por jogar um pouco de areia nos olhos das pessoas, fazendo com que elas fiquem com sono e adormeçam; em outra, ele é um ser maligno que arranca os olhos das crianças que não querem dormir, e os leva para servir de alimento para a sua família que vive na lua. É esta segunda versão que Natanael, ainda criança, ouve de sua babá.

O pavor que o garoto sente do Homem da areia aumenta quando ele começa acreditar que a criatura está convivendo com sua família, disfarçada como o advogado Coppelius. Depois que uma tragédia acontece, Natanael passa a ter certeza que O Homem da areia/Coppelius tem como objetivo impedir sua felicidade. Essa ideia ganha força quando o protagonista, já crescido e estudando fora, reconhece seu inimigo usando outra identidade.

Autorretrato do pintor, compositor e escritor alemão E. T. A. Hoffmann (1776-1822). (Imagem: Wikimedia Commons)

Em O Homem da areia, Hoffmann trabalha com temas caros ao Romantismo, como o conflito entre loucura (representada através de Natanael) e razão (personificada em Clara, a noiva do protagonista), e paixões fulminantes e proibidas. Mas a história, ao mesmo tempo, é muito original: ela começa como uma novela epistolar (ou seja, narrada através de cartas) e depois muda para um relato em terceira pessoa. O autor também insere um elemento inesperado, que se tornaria recorrente na ficção científica tempos depois.

O Homem da areia não chega a dar medo, mas é uma leitura muito relevante e que se tornou extremamente influente com o passar dos anos. Entre os admiradores de Hoffmann estão autores como Edgar Allan Poe, Dostoiévski, o brasileiro Álvares de Azevedo e até Sigmund Freud, que utilizou o texto do autor alemão como referência para o seu ensaio O Infamiliar.


O HOMEM DA AREIA
Autor:
E. T. A. Hoffmann
Tradução: Ary Quintella
Editora: Rocco
Páginas: 88
Onde comprar: Amazon (edição da Rocco) ou Amazon (nova edição da Ubu)


Postado por Lucas Furlan

É formado em Comunicação Social e trabalha com criação de conteúdo para a internet. Toca guitarra e adora música e cinema, mas, antes de tudo, é um leitor apaixonado por livros.

2 comentários em “Resenha | O Homem da areia, de E. T. A. Hoffmann

Deixe seu comentário