Resenha | Sobre a escrita, de Stephen King

LivroSobre a escrita – a arte em memórias
Autor:
Stephen King
Editora:
Suma de letras
Tradução:
Michel Teixeira
Páginas:
255
Compre pela Amazon:
amzn.to/2hKRvJ4

Se um escritor que já vendeu mais de 350 milhões de livros, que teve dezenas de obras adaptadas para o cinema e televisão, que é um dos dez mais traduzidos do mundo, e que, ainda por cima, é muito divertido, lança um volume com dicas de escrita, você para pra ler, né? Eu também. Esse é o caso de Sobre a escrita, do norte-americano Stephen King.

Uma vida dedicada à escrita

Antes de apresentar sua concepção sobre o ofício da escrita, porém, King começa o livro descrevendo momentos importantes da sua vida, como a relação com a mãe (que criou sozinha os dois filhos, Stephen e o irmão, Dave, sempre estimulando a criatividade dos meninos), e a descoberta das histórias de ficção-científica e de terror, nos livros e no cinema. Foram elas que inspiraram as primeiras narrativas do futuro escritor.

A dedicação e a persistência do autor foram impressionantes!

King começou a escrever quando ainda era muito jovem, e, na adolescência, enviou vários de seus contos para diversas revistas. Muitos deles acabaram recusados, mas King fazia questão de fixar as cartas de recusa com um prego na parede do seu quarto. Dessa forma, ele nunca esquecia que precisava se aprimorar se quisesse ser um autor profissional.

Salvo por Tabitha

Sua esposa, a também escritora Tabitha King, ocupa um papel central nessa parte do livro, e Stephen King não se cansa de descrever a paciência e o apoio da companheira. Nos primeiros anos do casamento, quando King trabalhava numa lavanderia e dava aulas, ela sempre o incentivou a continuar escrevendo. Foi Tabitha, inclusive, quem salvou do lixo os primeiros capítulos de Carrie, a estranha. A história tinha sido rejeitada e abandonada pelo escritor, e foi ela quem o convenceu a retomá-la. Em 1974, Carrie se transformaria no primeiro livro de King a ser publicado.

Mas, mesmo que essa “semi-autobiografia” seja muito divertida, o grande atrativo de Sobre a escrita são as dicas de Stephen King pra quem quer ser um escritor.

stephen-king
O escritor Stephen King.

Regras de ouro

Stephen King parte da seguinte premissa: não é possível transformar um escritor ruim em um escritor competente, assim como é impossível que um escritor bom seja transformado num gênio; mas é perfeitamente possível que um escritor competente passe a ser um escritor bom.

As regras de ouro de King são “leia e escreva muito” e “seja verdadeiro ao escrever”, mas não são as únicas. Abaixo você confere outras seis (e algumas são polêmicas):

1) Estilo: evite a voz passiva e os advérbios;

2) Enredo: não se deve desenvolver o enredo antes de escrever a história. Segundo King, o escritor deve encontrar uma boa “situação de partida” e descobrir as melhores soluções para ela à medida que escreve. Ele compara a descoberta de uma boa história à escavação de um fóssil;

3) Descrição: “é o que transforma o leitor em um participante sensorial da história”. Tem que ser bem dosada, pra que não seja exagerada e nem insuficiente;

4) Diálogos: têm que ser honestos e se parecerem com a realidade. Pra isso, o escritor precisa conhecer seu personagem e saber ouvir as falas das pessoas no dia a dia;

5) Personagens: o autor deve criá-los com sua própria experiência de vida + observação + imaginação;

6) Tema: na primeira versão da história, os temas podem ser ignorados – você deve escrever rapidamente, pra que as ideias não esfriem. Só na segunda versão, o autor deve desenvolver os temas mais profundos que a história apresenta, assim como os elementos simbólicos da narrativa.

Sugestões de leitura

Achou pouco? Em Sobre a escrita ainda tem muito mais (ritmo, pano de fundo, revisões, ambiente de trabalho, etc). Stephen King também expõe a primeira versão do primeiro capítulo do romance 1408, e explica as alterações que fez posteriormente.

Pra completar, King faz um lista com sugestões de leitura (com destaque para a série Harry Potter, que ele elogia e recomenda no livro) e apresenta mais um trecho autobiográfico, onde ele descreve o grave acidente que sofreu em 1999. O escritor quase morreu depois de ser atropelado por um furgão na estrada, e a escrita foi fundamental na sua recuperação.

Enfim, seja você um aspirante a escritor, ou um admirador do estilo desbocado, irônico e cativante de Stephen King, Sobre a escrita é fundamental.

Pra encerrar, minha citação favorita (que exemplifica o valor que King dá à escrita):

A vida não é um suporte à arte. É exatamente o contrário.

AVALIAÇÃO

5-estrelas-2

Imagens extraídas da internet

 

 

7 comentários em “Resenha | Sobre a escrita, de Stephen King

Deixe seu comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s