Resenha | William Wilson, de Edgar Allan Poe

WILLIAM WILSON (presente em Histórias extraordinárias)
Autor: Edgar Allan Poe
Tradução: José Paulo Paes
Editora: Companhia de Bolso
Páginas: 20 (conto) e 272 (livro)
Onde comprar: Amazon

O tema do “duplo” é muito frequente na literatura, existindo até um termo alemão para designá-lo: doppelgänger. Várias narrativas já foram escritas sobre personagens que encontram pessoas idênticas a si mesmos, e uma das mais populares é o conto William Wilson, de Edgar Allan Poe.

Publicado em 1839, o conto é narrado pelo personagem título, embora ele revele que William Wilson não é seu verdadeiro nome. O protagonista está à beira da morte e descreve para o leitor a sua convivência com uma figura misteriosa, que assombrou toda a sua existência.

Quando ainda era criança e estudava num colégio interno, William Wilson conheceu um garoto que era idêntico a ele. Além de serem iguais fisicamente, eles tinham o mesmo nome. Apenas uma coisa os diferenciava: o gênio de cada um. Enquanto o narrador era explosivo e mimado, seu sósia era reservado e falava muito baixo — embora tivesse o mesmo timbre de voz do colega. Não demorou para que surgisse uma rivalidade entre eles.

Os dois jovens deixaram a escola no mesmo dia, depois de uma situação bizarra vivida pelo protagonista, mas seus caminhos continuaram cruzados.

Wiliam Wilson, o narrador, se torna um adulto fútil e traiçoeiro, dado a bebedeiras, orgias e jogos, nos quais trapaceia sem escrúpulo nenhum. Mas algo começa a acontecer: sempre que ele está prestes a cometer um novo crime ou a fazer alguma maldade, um homem aparece e arruína seus planos.

Sim, o homem é o outro William Wilson, seu duplo.

Edgar Allan Poe (1809-1849).

Eu não posso contar muito mais do que isso sobre a trama, e acho até que já falei mais do que devia… Mas, mesmo assim, ainda existem muitas surpresas aguardando os futuros leitores desse conto — que é um dos mais conhecidos de Edgar Allan Poe.

William Wilson discute questões como o livre arbítrio e, como outras obras do escritor norte-americano, permite diferentes interpretações. Seria o duplo do protagonista uma espécie de consciência que se fez carne? Ou, quem sabe, seria uma representação dos códigos morais e éticos que regem a vida em sociedade?

Ou será que o segundo William Wilson, apesar das evidências físicas de sua existência, seria apenas um delírio do narrador? Ele próprio diz na segunda página do texto:

“Descendo de uma raça há muito conhecida pela força da imaginação e por um temperamento irritável em extremo, e desde pequeno confirmei o caráter peculiar de minha família, caráter esse que se desenvolveu com a idade e me prejudicou mais tarde de um modo tão terrível como singular.”

É difícil saber o quanto o narrador é confiável; por isso, cabe ao leitor tirar suas próprias conclusões.

Recomendo muito a leitura de William Wilson. O conto é uma das obras-primas de Poe e pode ser encontrado em várias coletâneas do escritor disponíveis nas livrarias.

AVALIAÇÃO

5-estrelas-2

 Fotos: Lucas Furlan

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