Resenha | ‘O jardim secreto’: um clássico sobre amizade, esperança e recomeços

Falar o quanto as edições da Darkside são lindas soa repetitivo, mas é real. A cada livro que chega por aqui, só pela capa já dá aquela vontade de ler. Com O jardim secreto não foi diferente. Na hora que vi, pensei: preciso ler esse livro.

O curioso é que eu tinha uma certa resistência a essa história por um motivo bem bobo, um “trauma de infância”, como costumo brincar. Quando eu era criança, assisti um trecho do filme inspirado pelo livro (atenção ao fato de ter sido apenas um trecho, e não o filme todo) e, na época, achei chato e sem graça. Cresci repetindo isso diversas vezes: se o filme era chato daquele jeito, o livro que o inspirou também devia ser. Mas tive uma grata surpresa ao dar uma chance a ele!

Acho importante começar contando que o tal jardim secreto fica na mansão Misselthwaite, na Inglaterra, e pertencia a Sra. Craven. Mas há dez anos ela faleceu e, sem saber lidar com essa perda, o Sr. Craven trancou o jardim, enterrou a chave e proibiu que qualquer um entrasse nele. Um jardim sem cuidados por dez anos? Algo que deixamos trancado, abandonado, sem os cuidados necessários, tem chance de sobreviver?

Depois de contar onde fica o jardim, acho que preciso contar um pouco sobre alguns dos personagens que vamos conhecer nesta história.

A escritora inglesa Frances Hodgson Burnett (1849-1924). (Foto: Frances Benjamin Johnston / Domínio Público via Wikimedia Commons)

Mary é uma criança que fica órfã aos dez anos e precisa mudar de sua casa na Índia para a mansão de seu tio na Inglaterra. Ela cresceu tendo tudo feito por outra pessoa: nem a própria roupa sabe vestir. Embora tenha sido muito mimada, não recebia carinho dos próprios pais, o que fez dela uma criança apática, chata e infeliz.

Ao chegar a Misselthwaite, ela descobre que o tio fica pouco em casa, e que desde a morte de sua esposa ele vive triste e quieto pelos cantos. A partir de então, Mary deve aprender a se vestir sozinha, comer coisas que antes não gostava e só pode entrar nos aposentos onde lhe permitem: a maioria dos mais de 100 quartos da casa vive trancada.

Outra personagem importante do livro é Martha, uma jovem criada da casa que aos poucos vira amiga de Mary. Não fosse por ela, talvez Mary não tivesse se animado a passear pelos jardins e nada dessa história teria acontecido.

A mãe de Martha é Susan Sowerby. Mesmo à distância, sem encontrar com Mary pessoalmente, ela tem papel fundamental nas transformações vividas pela menina. Susan tem 12 filhos e, além de Martha, temos que destacar Dickon. Só de ouvir falar sobre ele, Mary fica muito curiosa para conhecê-lo. Dickon vive completamente livre, conversa com os animais e tudo o que planta, cresce.

Existem outros personagens importantes, como o próprio Sr. Craven, a governanta sra. Medlock, o jardineiro Ben Weatherstaff e “aquele que chora sem parar”. Quem será ele?

Veja mais detalhes da edição de ‘O jardim secreto’ publicada pela DarkSide.

Ao passear pelos jardins, Mary se transforma, para de ser aquela menina sem graça e briguenta. Num determinado momento do livro, deixa até de ser a personagem principal: ela passa a ser aquela que incentiva, que torce, que assiste as conquistas alheias e se enche de orgulho delas.

O jardim secreto é uma história de amizade, esperança, amadurecimento, fé e recomeços. É sobre conexões imediatas entre pessoas parecidas e entre pessoas completamente diferentes. É sobre amor, dedicação, perdão e cuidado.

Terminei a leitura apaixonada por esses personagens tão jovens e tão corajosos.

E sobre o filme… Bom, no mesmo dia em que terminei a leitura decidi assistir novamente. Mas primeiro vi a versão mais recente, de 2020, disponível na HBOMax. Visualmente o filme é lindo! As cores do jardim e os efeitos são incríveis, mas confesso que terminei um tanto frustrada. Mudaram elementos importantes da história, da personalidade das crianças e até da relação entre eles (o que considero o ponto forte do livro).

Mas aí busquei o filme de 1993 (disponível no Telecine), aquele que assisti só um pedacinho na infância, e mudei completamente minha impressão sobre ele: a essência do livro está toda ali. As poucas alterações que são feitas não incomodam e o brilho nos olhos dos pequenos atores é exatamente o mesmo que me vinha à mente durante a leitura. Trauma de infância superado.

Escrito pela inglesa Frances Hodgson Burnett, e publicado originalmente em 1991, O jardim secreto realmente é um clássico eterno.

Foto de capa do post: Fiona Smallwood / Unsplash.


O JARDIM SECRETO
Autora:
Frances Hodgson Burnett
Tradução: Débora Isidoro
Editora: DarkSide Books
Páginas: 288
Onde comprar: Amazon | DarkSide Books

Livro recebido através da parceria com a DarkSide Books.


Postado por Carla Furlan

É publicitária, atriz e bailarina. É fã de O Senhor dos Anéis, Game of Thrones e do diretor Quentin Tarantino. Na música, adora Nando Reis, Beatles, Elvis e até hoje ama os Backstreet Boys.

2 comentários em “Resenha | ‘O jardim secreto’: um clássico sobre amizade, esperança e recomeços

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