A segunda temporada de The handmaid’s tale conseguiu o que parecia impossível: ser um pouco mais chocante do que a primeira. Essa característica desagradou muitos espectadores, afinal, mais chocante não quer dizer melhor.
Apesar de concordar que a temporada de estreia continua imbatível — e de também ter algumas ressalvas sobre essa nova leva de episódios — eu penso que The handmaid’s tale segue acima da média e ainda é uma das principais produções da atualidade.
(Essa postagem contém spoilers das duas temporadas da série. Se você ainda não assistiu, leia por sua conta e risco.)
Na minha opinião, os principais problemas dessa segunda temporada são o ritmo e o desenvolvimento narrativo. Mesmo com 13 episódios (3 a mais em relação à primeira temporada), fica a impressão de que a história não rende o tanto que poderia. Em alguns momentos, a trama chega a ficar arrastada.
Sempre que surge alguma novidade que parece ser capaz de levar a história adiante, algum elemento surpresa aparece e faz com que as personagens sejam levadas, a recuar. Esse artifício foi usado inúmeras vezes.

Muitas pessoas criticaram também o fato de que esse elemento surpresa sempre desencadeia algum tipo de violência contra as mulheres. Segundo esses espectadores, essa violência — mesmo fazendo parte do contexto da série — seria excessiva e desnecessária.
Concordo que essas cenas de agressão, estupro e humilhação pouco acrescentaram para essa segunda temporada, mas acredito que essa violência terá consequências mais adiante. E uma das personagens mais afetadas por ela é justamente aquela que parecia invulnerável: Serena Joy.

A esposa do Comandante Waterford continua dividida entre a empatia e o ciúme que sente por Offred. A alternância entre esses sentimentos se acentuou, agora que a aia carrega o “seu” bebê no ventre. Ela também sente falta das atividades que exercia antes da instauração da República de Gilead, e toma algumas atitudes ousadas.
Serena descobre, porém, que as duras leis do regime também valem pra ela.
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Quem também passou por mudanças foi a protagonista Offred/June. Ela continua em sua luta para fugir de Gilead, mas precisa se esforçar para proteger o bebê que está esperando e também sua primeira filha, Hanna. O desempenho de Elisabeth Moss no papel da aia continua fantástico, especialmente no episódio 11, Holly, que consiste basicamente nela sozinha numa casa isolada prestes a dar a luz.
Outros aspectos do mundo de The handmaid’s tale são mostrados nessa segunda temporada: ataques terroristas, a vida nas colônias (pra onde Emily e Janine são mandadas) e os diferentes grupos que lutam contra o regime. Novos personagens aparecem, como Holly (a mãe de June), Eden (a jovem que é enviada para se casar com Nick) e o imprevisível Comandante Lawrence. A atriz Marisa Tomei também faz uma participação especial.

No fim das contas, a segunda temporada de The handmaid’s tale tem mais prós do que contras. Seu principal tema foi a maternidade, com a relação entre mães e filhas aparecendo em diversos momentos e envolvendo diferentes personagens. Pensando assim, fica mais fácil aceitar o controverso season finale, que surpreendeu muitos espectadores.
Vamos torcer pra que a terceira temporada — que já foi confirmada — seja mais ágil, de preferência com 10 episódios. Pelo olhar de Offred na última cena, ela sabe como deve agir. Assim como sabe que não vai lutar sozinha.
AVALIAÇÃO
PS: A escritora Margaret Atwood anunciou no fim de novembro que O conto da aia (livro de 1985 que deu origem a The handmaid’s tale e serviu de base para a primeira temporada da série) vai ganhar uma sequência. O novo romance vai se chamar The testaments e vai se passar 15 anos após o livro original. Quem aí já está ansioso?
→ Imagens extraídas da internet.