‘O Conto da Aia’: a distopia que inspirou a série ‘The Handmaid’s Tale’

Quando lançam uma série ou filme inspirados num livro, gosto de ler, sempre que possível, antes de ter contato com a obra audiovisual. Mas com The Handmaid’s Tale fiz o caminho inverso.

Foi o Lucas que me deu a dica da série no início de 2018, e claro que fui assistir. Recomendo que você veja, mas não que faça como eu fiz.

Na época, The Handmaid’s Tale passava semanalmente no Paramount Channel. Num domingo, antes do lançamento do sétimo episódio, o canal fez uma maratona com os seis episódios anteriores. Como estava atrasada e não tinha visto nada, passei cerca de sete horas assistindo a série. E sete horas de The Handmaid’s Tale é algo pesado demais. Anos se passaram e confesso que, com tudo o que aconteceu no nosso mundo, especialmente no nosso país, acabei abandonando a série na terceira temporada. Talvez em algum momento eu retome, vai saber.

Justamente pelos paralelos absurdos e assustadores com a nossa realidade é que relutei tanto para iniciar a leitura de O Conto da Aia. Mas eu sabia que leria em algum momento. Sempre que ia escolher o próximo livro, pegava e folheava o romance de Margaret Atwood, mas acabava deixando passar.

Este ano está sendo bem difícil me concentrar em alguma leitura. Ainda assim, mesmo sem saber se era o melhor momento, decidi que tinha chegado a hora de O Conto da Aia. E foi incrível — devorei o livro rapidamente. Embora seja uma narrativa perturbadora, eu não conseguia parar de ler. A forma como Atwood escreve é envolvente, e eu tinha a sensação de que a narradora, Offred, estava falando diretamente comigo.

Capa do livro O Conto da Aia, de Margaret Atwood.
Capa do livro ‘O Conto da Aia’, de Margaret Atwood.

Publicado em 1985, O Conto da Aia se passa num futuro próximo, na República de Gilead. Trata-se de uma sociedade dominada por um regime autoritário e fundamentalista, no qual a maioria dos direitos mais básicos foi totalmente descartada. Não há mais livros, revistas, TV ou jornais. Os homens dominam tudo e a população se divide em grupos bem específicos.

Existem os comandantes, que são os homens mais poderosos e chefes das famílias. Suas esposas, incapazes de engravidar, são infelizes, mas fiéis aos maridos e ao novo regime. Os anjos são homens que ajudam a manter a ordem, fiscalizar e vigiar. As tias são as responsáveis por educar as aias e garantir que elas andem na linha. E, por fim, existem as aias. Elas são as poucas mulheres que ainda são férteis, por isso são estupradas pelos comandantes e obrigadas a gerar seus filhos. Existem ainda alguns outros nesta sociedade, mas de menor importância ou efetivamente excluídos.

Mesmo já conhecendo boa parte da trama devido à série, foi impossível não sentir o estômago revirando novamente. Talvez o que mais incomode (e revolte) seja perceber que, num mundo como o nosso, não é completamente impossível acontecer algo próximo do que é narrado ali.

Vale a leitura, com todos os questionamentos que ela provoca. Sobre a série, vale destacar a atuação impecável de Elizabeth Moss no papel de Offred.


O CONTO DA AIA
Autora
Margaret Atwood
Tradução Ana Deiró
Editora Rocco
Preço R$ 49,90 (368 págs.); R$ 29,90 (ebook)

Se você se interessou por esse livro, clique aqui e compre através do nosso link de afiliado da Amazon. Dessa maneira, você colabora com o blog sem gastar nada a mais por isso.


Carla Furlan é publicitária, atriz e bailarina. É fã de “O Senhor dos Anéis”, “Game of Thrones” e do diretor Quentin Tarantino. Na música, adora Nando Reis, Beatles, Elvis e até hoje ama os Backstreet Boys.

Deixe seu comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s