Sob os olhos do delírio
Autor: Fábio de Andrade
Páginas: 28
Onde comprar: Amazon (disponível também no Kindle Unlimited)
Sob os olhos do delírio é uma antologia em formato de eBook que reúne três breves contos do escritor paraense Fábio de Andrade. Eles pertencem a diferentes gêneros literários, mas têm um ponto em comum: a loucura como matéria-prima.

O primeiro conto, O horrível fim de José de Alencar, é o que eu mais gostei. É uma história de terror: o protagonista (que apesar do nome não tem nenhuma relação com o autor de O guarani) é um homem idoso que, por mera curiosidade, entra numa casa abandonada. Lá, ele presencia cenas aterradoras e se depara com uma figura demoníaca que muda sua vida para sempre.
Nesse conto, Fábio de Andrade é muito influenciado por Edgar Allan Poe. Ele constrói uma atmosfera assustadora desde o princípio e o medo vai aumentando gradualmente. Mas, pra mim, o principal destaque são as descrições feitas por Fábio, que são muito vívidas.
Em seguida, vem Em casa, a narrativa mais curta de Sob os olhos do delírio. O conto descreve a expectativa do personagem Alfredo para encontrar sua amada Lúcia, que ele não vê há dez anos.
É uma história de amor, ainda que coberta de melancolia, com um final surpreendente.
O último conto da antologia é OBMEN-01. Ele se passa num hospício russo entre os anos 50 e 60 e é um suspense, um thriller psicológico. Na trama, o enfermeiro Nikolai ouve rumores de que o governo soviético pretende fazer experimentos com os internos daquela instituição. Ele é apaixonado pela paciente Nadezkha e faz planos para tirá-la de lá.
Achei o desenvolvimento dessa história um pouco confuso (mesmo sabendo que a confusão mental é um elemento importante para a narrativa), mas vale pela reviravolta que acontece no desfecho.

Em Sob os olhos do delírio, Fábio de Andrade mostra que é um escritor muito criativo e que não tem medo de transitar por diferentes gêneros literários. É interessante a forma como ele muda o tom entre um conto e outro (o vocabulário de Em casa, por exemplo, é bem diferente das outras duas histórias). Suas descrições também são muito boas!
Por outro lado, tive a impressão que Fábio continua um pouco preso à influência de seus autores preferidos. Quando ele definir mais claramente sua própria voz, será um escritor ainda melhor. O cara não está pra brincadeira!
AVALIAÇÃO
→ Fotos: Lucas Furlan