Resenha | A mulher da gargantilha de veludo e outras histórias de terror, de Alexandre Dumas

A MULHER DA GARGANTILHA DE VELUDO E OUTRAS HISTÓRIAS DE TERROR
Autor: Alexandre Dumas
Tradução: Rodrigo Lacerda e André Telles
Editora: Zahar
Páginas: 368
Avaliação: 4-estrelas-muito-bom / Muito bom
Onde comprar: Amazon

Mortos que falam, vampiros, fantasmas… Todos esses elementos sobrenaturais estão presentes nas narrativas reunidas no livro A mulher da gargantilha de veludo e outras histórias de terror, do escritor francês Alexandre Dumas. Apesar do título, o volume tem apenas duas novelas: 1001 fantasmas e A mulher da gargantilha de veludo, embora a primeira apresente várias histórias dentro da trama principal.

Uma cabeça decepada falante

1001 fantasmas (referência clara à As mil e uma noites) começa com um acontecimento bizarro: um homem confessa ter decapitado a esposa e garante que a cabeça da mulher falou com ele após o crime. Obviamente, quase ninguém acredita nele.

Mais tarde, as pessoas que ouviram a confissão se reúnem num jantar e a misteriosa questão volta à tona. O fato da cabeça falar depois de ter sido decapitada parece absurdo, até que vários dos convidados começam a relatar suas próprias experiências sobrenaturais. Ao longo da noite, eles se dão conta de que acontecimentos macabros não são tão raros quanto eles imaginavam.

As obras de Alexandre Dumas estão repletas de personagens que existiram de verdade e eles também estão presentes em 1001 fantasmas — sendo que o narrador dessa novela é o próprio autor. Isso causa um efeito curioso, já que nos deparamos com figuras históricas descrevendo encontros com vários tipos de mortos-vivos.

E.T.A. Hoffmann representado em uma das ilustrações presentes no livro.

E.T.A. Hoffmann

O protagonista de A mulher da gargantilha de veludo também é um personagem real: o músico, pintor e escritor alemão E.T.A. Hoffmann, autor de O quebra-nozes. A trama (como algumas das narrativas de 1001 fantasmas) se passa no período pós-Revolução Francesa conhecido como “O Terror”. Foi uma época sombria de extremismo político, quando pessoas eram executadas na guilhotina a torto e a direito.

Na novela, Hoffmann, ainda muito jovem, fica noivo da bela Antônia, mas precisa se afastar temporariamente dela devido a uma viagem para Paris. Antes de partir, ele jura pela vida dela que será fiel e que vai se manter longe das mesas de jogo.

Na capital francesa, entretanto, ele conhece a dançarina Arsène, que é a mulher a quem o título da novela se refere. Ignorando o juramento que fizera à noiva, Hoffmann fica totalmente obcecado por ela, mas logo descobre que só conseguirá conquistá-la se puder oferecer luxos e riquezas. Ele tem pouco dinheiro, mas a roleta poderia resolver esse problema…

O escritor francês Alexandre Dumas (1802-1870), fotografado por Félix Nadar (Reprodução).

Realidade ou pesadelo?

A mulher da gargantilha de veludo é a história que eu mais gostei, mesmo considerando todas as narrativas inseridas em 1001 fantasmas. A trama é construída como se fosse um pesadelo: a fixação de Hoffmann por Arsène faz com que ele perca a capacidade de distinguir o que é realidade e o que é delírio, e o leitor o acompanha nessa jornada claustrofóbica.

A mulher da gargantilha de veludo e outras histórias de terror faz parte da Coleção Clássicos Zahar. A coleção é impecável e este volume inclui notas e ilustrações, além de uma extensa apresentação de Heloísa Prieto, dois textos adicionais de Alexandre Dumas e cronologia do autor.

Faço a ressalva de que dificilmente A mulher da gargantilha de veludo e outras histórias de terror vai tirar o sono de alguém — as novelas não são tão assustadoras assim. Mas o livro é uma ótima oportunidade para quem quer ir além de Os três mosqueteiros e O Conde de Monte Cristo e conhecer outras obras de Alexandre Dumas, um dos maiores contadores de histórias que já existiu.

2 comentários em “Resenha | A mulher da gargantilha de veludo e outras histórias de terror, de Alexandre Dumas

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