Bloodchild
Autora: Octavia E. Butler
Editora: Headline
Páginas: 31
Onde baixar: Amazon (eBook em inglês)
A resenha de hoje é sobre Bloodchild, um dos contos mais conhecidos da escritora norte-americana Octavia E. Butler. Ele foi publicado pela primeira vez em 1984 e faturou os importantes prêmios Nebula, Locus e Hugo. O mais legal é que o eBook em inglês de Bloodchild pode ser baixado de graça na Amazon.
No conto, um grupo de humanos (chamados, no original, de Terrans) abandonou a Terra e passou a viver num planeta dominado por seres da raça Tlic, que estavam ameaçados de extinção.
Lá, as duas espécies selaram um acordo que garantiria a sobrevivência de todos: os humanos viveriam numa reserva e poderiam se alimentar com os ovos estéreis dos alienígenas (que davam uma sensação prazerosa e prolongavam a vida); em troca, alguns deles deveriam servir de hospedeiros para os ovos férteis, permitindo que as larvas dos Tlic se desenvolvessem dentro de seus corpos.
Esse é o destino de Gan, um garoto que está saindo da infância. Mesmo antes de nascer, ele foi escolhido por T’Gatoi (uma Tlic importante e velha amiga de sua família) para ser o futuro portador de seus filhotes.
Gan sempre aceitou essa missão com tranquilidade e até certo orgulho, até que ele, acidentalmente, presencia um “parto” dos filhotes Tlic. É um processo cirúrgico delicado, perigoso e que precisa ser realizado com rapidez, já que as larvas começam a devorar o corpo dos hospedeiros por dentro.
Como seria de se esperar, Gan se dá conta de que ser “barriga de aluguel” daquelas criaturas pode não ser um bom negócio…

A primeira coisa que chama a atenção em Bloodchild é a originalidade da trama, que inclui o fato de os homens (e não as mulheres) serem os melhores hospedeiros para os Tlic – e isso tem um motivo que é explicado no conto.
A construção da história também é fantástica. Os temores recém-adquiridos por Gan chegam até o leitor, que também passa a duvidar da aparente harmonia existente entre as duas raças.
Por que Lien, a mãe de Gan, ao contrário das outras pessoas, se recusa a comer o ovo estéril? O abraço de T’Gatoi, com seus vários membros, é carinhoso ou sufocante? Por que os humanos foram proibidos pelos Tlic de ter armas? T’Gatoi é uma segunda mãe para Gan ou deseja apenas salvar sua espécie da extinção?
É a essas perguntas que Gan se vê obrigado a responder, com a mesma rapidez com que precisa decidir se vai aceitar receber os ovos de T’Gatoi ou não.
Com Bloodchild, Octavia E. Butler aborda diversos assuntos, como as escolhas, a convivência entre seres diferentes e os laços familiares, tudo com muita criatividade.
A originalidade da autora também fica clara quando a gente percebe que, no conto, ao contrário da maioria das histórias que envolvem viagens para outros planetas, os humanos não são conquistadores ou exploradores, mas sim refugiados espaciais procurando um novo lar para viver.
Após a narrativa ainda há um prefácio esclarecedor, no qual Octavia E. Butler conta quais foram as suas inspirações para escrever o conto.
O desfecho da história não chega a ser tão surpreendente, mas a criatividade e o talento de Butler, assim como o clima de tensão e suspense que ela constrói, fazem de Bloodchild uma leitura que eu recomendo muito!
AVALIAÇÃO
→ Fotos: Lucas Furlan
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