Um homem bom é difícil de encontrar (presente em Contos completos)
Autora: Flannery O’Connor
Tradução: Leonardo Fróes
Editora: Cosac Naify
Páginas: 19 (conto) e 720 (livro)
Pela primeira vez vou resenhar um conto aqui no blog. Isso se deve a dois motivos, um bom e outro ruim. O ruim é que nas últimas semanas, por uma série de razões, foi difícil emplacar leituras mais longas; o bom é que sempre fui um leitor de narrativas curtas, e essa resenha abre um novo leque de possibilidades no Valeu, Gutenberg!. Enfim, pra esse texto, escolhi um dos grandes contos da ficção norte-americana: Um homem bom é difícil de encontrar, de Flannery O’Connor.
Uma avó e sua família na estrada
Essa escolha não é por acaso. Amanhã, 25 de março, completam-se 92 anos do nascimento da escritora. O’Connor morreu jovem (com apenas 39 anos, de lúpus) mas o tempo que viveu foi suficiente pra que ela fosse considerada uma das melhores e mais originais escritoras modernistas norte-americanas.
Mas, vamos ao conto. Um homem bom é difícil de encontrar foi publicado em 1953 e acompanha uma viagem de férias de uma avó (ela é identificada apenas assim) com sua família: o filho, a cunhada e os três netos. A senhora gostaria que o destino da viagem fosse outro, e tenta, sem sucesso, convencer a família a seguir para o Tennessee, ao invés da Flórida. Ela usa em seus argumentos desde a necessidade de os netos conhecerem novos lugares (eles já tinham ido para a Flórida antes) até a ameaça existente na fuga de um perigoso bandido da prisão.
Desde o princípio, fica claro que a avó é uma pessoa difícil e teimosa, e que seus parentes apenas a toleram por necessidade. A narrativa, porém, tem um tom leve e divertido, pelo menos até o clímax. Nele acontece uma reviravolta e o conto se torna extremamente violento.

Aparência frágil, texto forte
Esse desfecho me pegou desprevenido, embora alguns sinais de mau agouro já tivessem aparecido no texto. Lendo os outros contos do livro fica claro que a violência está presente em várias histórias de Flannery O’Connor, mas é surpreendente que essa característica seja tão marcante na obra de uma escritora criada no sul conservador dos Estados Unidos, que era católica fervorosa e que viveu com a mãe até morrer. E isso não é ruim de forma alguma, é apenas… desconcertante.
O estilo de O’Connor é claro e direto, e a construção dos personagens é precisa. Eles não são pessoas particularmente agradáveis, mas você fica chocado com o que o destino reserva pra eles. Em Um homem bom é difícil de encontrar, porém, não há apenas fatalismo; o destino deles é, em boa parte, fruto de uma série de decisões tomadas anteriormente.
O catolicismo da escritora também aparece no conto, mas não de forma doutrinadora. O’Connor aborda como a falta de fé pode influenciar o comportamento de alguns personagens, e como outros se agarram a religiosidade apenas nos momentos difíceis.
Um homem bom é difícil de encontrar é uma ótima porta de entrada para conhecer a obra de Flannery O’Connor. Mas não se engane: essa escritora de aparência frágil vai te conquistar com o talento de sua escrita, ao mesmo tempo que seu texto vai te atingir como um soco no estômago.
AVALIAÇÃO
→ Imagens extraídas da internet, exceto foto de capa da postagem (tirada por Lucas Furlan).
Olá!
Indiquei o seu blog para responder uma TAG super bacana!
11 Fatos sobre mim
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Fiquei SUPER curiosa. Vou procurar esse conto.
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Esse conto me surpreendeu muito! Eu recomendo!
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