Talvez O sexto sentido tenha sido a principal inspiração de Stephen King para escrever Depois. Ambos apresentam garotos que interagem com pessoas mortas, e o filme é citado no texto mais de uma vez. Mas ao contrário do longa de M. Night Shyamalan, no qual os fantasmas pedem ajuda ao menino, no livro são os vivos que precisam do auxílio dos mortos.

Depois é narrado por Jamie Conklin, um rapaz de 22 anos que relembra acontecimentos marcantes de quando tinha entre 6 e 15 anos de idade. Jamie é capaz de ver pessoas mortas e de conversar com elas, e descobre que existem algumas regras nessa comunicação: os espectros sabem que estão sendo vistos e, quando questionados, não podem mentir; eles conservam o aspecto que tinham no momento da morte; e o período em que os espíritos continuam no nosso plano é bastante curto.

Não vou dar muitos detalhes sobre a história pra não estragar as surpresas, mas posso dizer que Jamie vai precisar usar seu dom para descobrir segredos que algumas pessoas levaram para o túmulo. Sua mãe, Thia, vai pedir sua ajuda nesse sentido e, mais tarde, Liz Dutton, a policial que é namorada dela, também.

Lá pelo meio do livro, Jaime descobre que existem exceções às regras. Stephen King insere uma ameaça sobrenatural na história, mas ela não é a única a colocar o protagonista em risco. Um personagem bem humano também se torna um antagonista para Jamie, e o escritor equilibra e combina muito bem esses dois tipos de perigo.

Eu gostei bastante da leitura de Depois. Minha única queixa é sobre a forma como a ameaça sobrenatural é enfrentada. Parece fácil demais, perante tudo que ela representa. Mas isso não atrapalha em nada o desenrolar da trama.

Como o narrador do livro é um jovem, King utiliza uma linguagem bem coloquial, repleta de gírias e palavrões. Isso não quer dizer que a obra é simplista, muito pelo contrário. O autor apresenta um texto muito seguro e repleto de referências, que deixa a falsa impressão de que escrever é a coisa mais fácil desse mundo. Durante a leitura é fácil deduzir que o processo de escrita foi muito prazeroso pra ele.

Depois tem elementos de romances policiais e — olha o clichê — é impossível parar de ler. Assim como Joyland, ele pode ser uma boa opção pra quem quer começar a ler Stephen King. A obra tem vários momentos arrepiantes, mas não vai traumatizar quem estiver lendo o autor pela primeira vez. O livro é rápido, divertido e mostra que King continua em ótima forma.

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DEPOIS
Autor: Stephen King
Tradução: Regiane Winarski
Editora: Suma
Páginas: 192
Onde comprar: Amazon | Companhia das Letras

Livro recebido através da parceria com o Grupo Companhia das Letras.

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