UM CONTO DE NATAL
Autor: China Miéville
Tradução: Fábio Fernandes
Editora: Boitempo
Páginas: 38
Avaliação: / Muito bom
Onde baixar: Amazon
Algumas pessoas já tinham me indicado a leitura de China Miéville. O autor inglês é inserido num gênero conhecido como New Weird, um misto de fantasia, ficção científica e terror, com influências que vão de Kafka ao cineasta David Cronenberg.
Eu ainda não li nenhum de seus romances mais conhecidos, como A cidade e a cidade (vencedor do Hugo Awards de 2010) ou Estação Perdido — ambos publicados no Brasil pela Boitempo —, mas encontrei esse eBook de Um conto de Natal na Amazon, que pode ser baixado gratuitamente.
Natal registrado®
O conto se passa num futuro próximo, onde o Natal se tornou uma marca registrada. Por isso, as comemorações natalinas oficiais e legalizadas são apenas as organizadas pela empresa NatividadeCo. Os cidadãos que não tem ligação com a corporação não podem celebrar o Natal de forma plena: nada de presentes, árvores enfeitadas ou Papai Noel.
O narrador do conto é um pai que ganha numa loteria o direito de participar de uma festa natalina oficial ao lado da filha adolescente. No caminho para o evento, eles se veem no meio de uma imensa manifestação, na qual diferentes grupos protestam pelo direito de celebrar o Natal.
Entre os “natalinos radicais” (os manifestantes realmente são chamados dessa forma) estão, por exemplo, os “Pequenos ajudantes de Papai Noel” (formado por homens baixinhos) e os “Red and white blocks” (a versão natalina dos Black Blocks).

Irônico e sagaz
O texto de Miéville é muito irônico, e os termos relacionados ao Natal são sempre escritos com o símbolo de marca registrada (presentes®, Papai Noel®, etc.). O autor faz graça com os manifestantes, mas também trata de forma sarcástica as privatizações, a repressão policial e, é claro, a comercialização do espírito natalino.
Um conto de Natal é uma narrativa muito sagaz e é um bom contato inicial com a obra de China Miéville — que tem entre seus admiradores nomes como Neil Gaiman e Ursula K. Le Guin. Minha curiosidade em relação aos livros do autor inglês só aumentou!