O ZEN E A ARTE DA ESCRITA
Autor: Ray Bradbury
Tradução: Adriana de Oliveira
Editora: Leya
Páginas: 168
Avaliação: / Muito bom
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O zen e a arte da escrita não é um livro indicado pra quem procura dicas sobre divisão de parágrafos ou uso de verbos. Nos ensaios reunidos nessa coletânea, Ray Bradbury prefere ensinar outra lição muito importante aos aspirantes a escritor: que a literatura sempre deve ser criada com liberdade e entusiasmo.
Um curioso método de escrita
Isso não quer dizer que Bradbury — autor de obras-primas como As crônicas marcianas e Fahrenheit 451 — não compartilhe alguns de seus segredos. Ele conta como surgiram as ideias de vários de seus contos e explica seu curioso método de escrita, que tem início com a elaboração de listas de substantivos.
Ray Bradbury não criava enredos com “começo, meio e fim” com antecedência e deixava que seus personagens guiassem o desenvolvimento das narrativas. Quem já leu Sobre a escrita, sabe que Stephen King também escreve dessa forma — aliás, os dois escritores tem muito em comum, como, por exemplo, o fato de ambos se identificarem como arqueólogos que “descobrem” suas histórias.

Sobre a liberdade necessária aos escritores, Bradbury defende que os autores precisam se sentir livres para criar dentro do gênero (ou dos gêneros) em que se sentirem realizados, seja ficção científica, terror ou qualquer outro. Não é necessário querer se enquadrar em nenhum gênero dito “sério”: o escritor precisa ser fiel a si próprio.
Amor por livros
Ele aprendeu essa lição quando ainda era criança e sofria bullying por gostar das histórias de Buck Rogers. Por um tempo, ele se afastou das aventuras do herói espacial, mas ficou extremamente infeliz. Bradbury decidiu, então, nunca mais esconder seu amor por robôs, dinossauros, fantasmas e alienígenas, e veio a se tornar um dos maiores nomes da ficção especulativa.
A paixão de Ray Bradbury por livros e pela literatura transborda nas páginas de todos os ensaios, e também nos poemas que encerram essa coletânea. Por vezes, os textos podem ficar um pouco repetitivos, mas o leitor se depara com belos trechos como esse:
“Primeiro e mais importante, escrever nos faz lembrar de que estamos vivos e de que isso é uma dádiva e um privilégio, não um direito. Devemos ganhar a vida, já que ela nos foi dada. A vida pede recompensas porque ela nos proveu de ânimo.
Então, embora a nossa arte não possa, por mais que desejemos, livrar-nos da guerra, da privação, inveja, cobiça, velhice ou morte, pode nos revitalizar no meio disso tudo.
Em segundo lugar, escrever é sobreviver. Qualquer arte, qualquer bom trabalho naturalmente é isso.
Não escrever, pra muitos de nós, é morrer.”
Por passagens como essa, O zen e a arte da escrita é indicado para entusiastas da literatura, e para quem quer ser escritor mas está meio desanimado com o ofício. Obviamente, quem é fã de Ray Bradbury também não pode deixar de ler.
“Não escrever, pra muitos de nós, é morrer.” – muito inspirador.
Certamente ler a sua resenha foi um baita incentivo para finalmente ler o tão falado Fahrenheit 451.
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Eu sou suspeito pra falar, pois sou muito fã do Bradbury rsrs Mas “Fahrenheit 451” realmente é um livraço e vale muito a pena!
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