O festim dos corvos
Autor: George R. R. Martin
Tradução: Jorge Candeias
Editora: Leya
Páginas: 644
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A tormenta de espadas, terceiro volume de As crônicas de gelo e fogo, foi lançado originalmente em 2000, e os fãs da saga tiveram que esperar cinco anos até que O festim dos corvos, o quarto livro, fosse publicado. Apesar de manter o “padrão George R. R. Martin de qualidade”, o livro foi uma ducha de água fria pra muita gente. O motivo? Três personagens muito importantes simplesmente não aparecem na obra: Bran Stark, Daenerys Targaryen e Tyrion Lannister. Outro favorito dos fãs, Jon Snow, surge em apenas um capítulo.
Novos núcleos
A decisão de excluir esses personagens foi um ato de coragem de George R. R. Martin, mas também uma necessidade. O quarto livro da saga seria A dança dos dragões, mas seu conteúdo ficou muito extenso. Martin decidiu então dividir o texto em dois, optando por uma separação geográfica: os acontecimentos ao Sul de Westeros e na cidade-livre de Braavos se tornaram O festim dos corvos; os fatos ocorridos no Norte e na Baía dos Escravos ficaram para o quinto livro, esse sim batizado de A dança dos dragões. O livro quatro e boa parte do livro cinco narram episódios simultâneos; é só por volta da metade de A dança dos dragões que as tramas se encontram e a linha temporal segue em frente.
Em O festim dos corvos dois novos núcleos ganham destaque: as Ilhas de Ferro (comandadas pela Casa Greyjoy) e Dorne (berço da Casa Martell). Os capítulos que apresentam novos personagens com ponto de vista têm títulos como: “O profeta” (o religioso Aeron ‘Cabelho molhado’ Greyjoy) ou “O capitão dos guardas” (o guarda de Dorne, Areo Hotah). Além deles, os personagens com ponto de vista são: Pate (um estudante da Cidadela), Cersei e Jaime Lannister, Brienne de Tarth, Samwell Tarly, Sansa e Arya Stark, Asha e Victarion Greyjoy, Sor Arys Oakheart (um cavaleiro da Guarda Real) e Arianne Martell (a herdeira de Dorne).
Os parentes de Theon Greyjoy
Nas Ilhas de Ferro conhecemos os tios de Theon Greyjoy: Aeron, Victarion e Euron. O primeiro é um sacerdote do Deus Afogado (a principal divindade venerada nas Ilhas); os outros são piratas temidos, que nunca tiveram um bom relacionamento. Euron, também conhecido como “Olho de corvo”, é o mais velho e temido, e tem planos audaciosos para Westeros. Victarion passou maus bocados nas mãos do irmão, mas também não é flor que se cheire. Outra figura importante desse núcleo que reaparece em O festim dos corvos é Asha Greyjoy. Ela cresce em importância na história e se torna uma personagem com ponto de vista.

Nas areias de Dorne
Depois de ser apresentado a Oberyn Martell no livro anterior, o leitor finalmente é levado para conhecer os famosos desertos de Dorne, terra da Casa Martell. A situação política por lá também está complicada. Dorne é governado por Doran Martell, um líder com saúde debilitada e que é visto como fraco e omisso por sua filha, Arianne, e por suas sobrinhas, Obara, Nymeria e Tyene Sand, as “serpentes de areia”. Não posso contar muito sobre Dorne devido aos spoilers, mas é um dos núcleos mais interessantes e promissores criados por George R. R. Martin.
Velhos conhecidos…
Se Bran Stark não dá as caras em O festim dos corvos, suas irmãs, Sansa e Arya, aparecem bastante. Elas seguem em suas jornadas pessoais de amadurecimento, mas, pra isso, precisam ocultar suas verdadeiras identidades.
Brienne de Tarth e Jaime Lannister seguem, separadamente, em missões nas Terras Fluviais, encontrando velhos conhecidos e novos problemas.
Mas quem rouba a cena de verdade no livro é a rainha Cersei. Com um poder cada vez maior nas mãos, ela precisa provar que é tão boa no jogo dos tronos como acredita ser. Ela será capaz de esquecer o orgulho pra fazer alianças indesejadas e abrir mão de interesses pessoais? As cenas em que Cersei diz uma coisa e pensa outra são muito irônicas e engraçadas, e ela segue firme em sua disputa velada com a mui amiga Margaery Tyrell.
…e uma nova conspiração?
Logo no começo do livro, Samwell Tarly deixa a Muralha pra trás e é enviado para a Cidadela, espécie de universidade dos Meistres. Graças ao prólogo e aos capítulos com o ponto de vista dele, ficamos sabendo que existem outros elementos fantásticos além dos apresentados até então em As crônicas de gelo e fogo. Além disso, uma nova conspiração pode estar acontecendo na Cidadela.

Longe do final
Acredito que dois fatos acabam prejudicando a avaliação final de O festim dos corvos. O primeiro é a ausência de Daenerys, Jon Snow, Bran e Tyrion. Apesar da infinidade de personagens presentes em As crônicas de gelo e fogo, eles têm grande destaque na saga, e figuram (ao lado de Arya) como os personagens preferidos dos leitores. Os moradores das Ilhas de Ferro parecem ser capazes de incendiar Westeros, mas a gente ainda não sabe do que eles são capazes. O núcleo de Dorne é mais interessante (ao contrário do que acontece na série de TV). Doran e Arianne são incríveis e espero que eles cresçam na trama.
O segundo problema é que o livro não faz a história avançar o tanto que a gente esperava, depois do turbilhão que foi A tormenta de espadas. A trama de Brienne, por exemplo, é um pouco arrastada, com longas jornadas e muitas conversas. Ao mesmo tempo, as novas subtramas de Dorne, das Ilhas de Ferro e da Cidadela alargam os caminhos da história, ao invés de estreitá-lo. Depois de lê-lo, dá certo receio de que os três volumes restantes não sejam suficientes para finalizar a história. O festim dos corvos é um livro de transição. Pode ser que, com a saga completa (sabe-se lá quando), os fatos narrados nele cresçam em importância, mas, por enquanto, ele é o livro menos interessante de todos, o que não quer dizer, de forma alguma, que seja ruim.
AVALIAÇÃO
→ Imagens extraídas da internet.
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