A história já foi contada inúmeras vezes: um garoto e uma garota se conhecem e, apesar das diferenças, unem forças contra os problemas que existem em suas vidas. Mas essa trama tão batida nunca foi contada como na série The end of the f*** world (talvez porque nunca tenha existido um casal como James e Alyssa).
Ambos tem 17 anos e são completamente… deslocados.
James (interpretado por Alex Lawther, do episódio Shut up and dance, da terceira temporada de Black Mirror) acha que é um psicopata. Ele é apático e insensível e, depois de passar a infância matando pequenos animais, acredita que chegou o momento de tirar a vida de um ser humano. A vítima perfeita aparece quando ele conhece a desbocada e impulsiva Alyssa (vivida por Jessica Barden, a Justine de Penny Dreadful).
Ela é ignorada dentro da própria casa, já que sua mãe se casou pela segunda vez e teve bebês gêmeos com o novo marido – que é um tremendo babaca. Alyssa não vê a hora de se mandar dali e James parece ser o companheiro ideal: ele também tem problemas familiares e odeia a cidade onde eles vivem.
James e Alyssa caem na estrada, sem dinheiro, sem juízo e sem destino. Ela está sempre pronta pra ofender quem vê pela frente, enquanto ele espera a melhor ocasião para matá-la.
Por essa apresentação já deu pra perceber que The end of the f***ing world é uma comédia com um humor bem peculiar, né? Obviamente, não é pra todos os gostos…
Com classificação indicativa de 16 anos, a série tem crimes, violência, um pouco de sexo e muitos palavrões. A forma como todos esses temas são apresentados pode desagradar espectadores mais conservadores, mas, antes de assistir, eu achei até que os episódios seriam mais pesados.
Na minha opinião, The end of the f***ing world é mais sarcástica do que agressiva. Sem falar que é divertidíssima!
O desempenho dos dois protagonistas é o que a série tem de mais especial: Lawther e Barden estão perfeitos em seus papéis. Os personagens são excêntricos e fazem muitas bobagens, mas também são inocentes de várias maneiras. Alyssa e James são irritantes, porém é difícil não gostar deles.

Apesar das aventuras frenéticas dos dois jovens, The end of the f***ing world também trata de temas mais delicados, como as relações familiares. Os pais de James e Alyssa não conhecem de verdade seus filhos, da mesma forma que os protagonistas têm visões equivocadas de seus pais.
A construção da identidade e o amadurecimento também são questões importantes – não por acaso, o último episódio se passa no dia em que James completa 18 anos.
The end of the f***ing world foi produzida pela Netflix em parceria com o canal inglês Channel 4, e é uma adaptação da graphic novel de mesmo nome criada por Charles Forsman. Ela tem apenas 8 episódios de cerca de 20 minutos cada, ou seja, é perfeita para uma maratona.
Eu indico que você faça essa maratona o quanto antes, mas esteja preparado para o final – é daqueles que você fala: “Espera aí… A série não pode acabar assim!”. Mas fique tranquilo: depois de muita expectativa, a Netflix confirmou ontem (21/08) que The end of the f***ing world foi renovada para uma segunda temporada. Ótima notícia!
Um comentário em “Crítica | The end of the f***ing world – Primeira temporada”