A invenção de Morel
Autor: Adolfo Boy Casares
Tradução: Sérgio Molina
Editora: Biblioteca Azul
Páginas: 112
Onde comprar: Amazon
A resenha desta sexta é sobre um dos livros mais impressionantes que eu já li (e que tive o prazer de reler antes de escrever essa postagem): A invenção de Morel, do argentino Adolfo Bioy Casares (1914-1999). Mal dá pra acreditar que esse foi seu primeiro romance, escrito quando ele tinha apenas 26 anos.
A trama de A invenção de Morel é fantástica, em todos os sentidos possíveis: um homem é condenado à prisão perpétua, mas consegue fugir e se exila numa ilha isolada. No local, existem apenas três construções: um museu, uma igreja e uma piscina.
O fugitivo, que também é o narrador do livro, acredita que nunca será procurado ali, pois existem boatos que afirmam que uma doença mortal circula na ilha. Entretanto, um dia ele percebe que não está sozinho: vários turistas estão hospedados no museu, embora o homem não faça ideia de como eles chegaram lá.
Mas isso é só o começo.
O narrador faz de tudo para se esconder dos visitantes – que usam roupas antigas e têm hábitos bem peculiares – mas logo percebe que é totalmente ignorado por eles. Isso não impede que o fugitivo se apaixone por uma das mulheres do grupo, Faustine. Ele quer se aproximar dela, mas teme que aquelas pessoas estejam ali à sua procura.
Pra piorar, coisas muito estranhas começam a acontecer… Pra não estragar a surpresa, vou contar só uma delas: lá pelas tantas, dois sóis aparecem no céu!

Bioy Casares teve várias sacadas brilhantes para escrever A invenção de Morel. Uma delas foi fazer com que o livro seja apresentado como o diário real do fugitivo (ele teve a originalidade de inserir no texto notas do suposto editor da narrativa apontando algumas contradições no relato).
Ao ler o diário, o leitor vai se espantando e fazendo descobertas junto com o narrador, e se torna uma espécie de ouvinte para quem o fugitivo expõe seus medos e suas teorias sobre a ilha. Essas teorias, aliás, são tão criativas que poderiam ser usadas em vários outros livros.
Outra coisa muito legal é que Adolfo Bioy Casares, mesmo sendo um autor com conhecimentos enciclopédicos e eruditos, sempre foi um admirador da literatura fantástica e de livros policiais e de aventura. Em A invenção de Morel ele não teve vergonha ou preconceito e misturou todas as suas influências.
O livro tem suspense, ficção científica, investigação, mistério, e é narrado com uma elegância digna de um autor clássico.

O prólogo de A invenção de Morel foi escrito pelo mestre Jorge Luis Borges, que foi amigo e colaborador de Bioy Casares e a quem o livro foi dedicado. Em seu texto, Borges defende os “romances de aventura”, pois os argumentos dessas obras precisam ser elaborados com muita criatividade e rigor, dois elementos que não faltam no livro.
A invenção de Morel é um livro incrível, um dos meus favoritos. Ele faz referência a A ilha do dr. Moreau, de H. G. Wells, e teria sido uma das influências do seriado Lost.
Borges escreveu que a trama criada por Adolfo Bioy Casares é “perfeita”; quem sou eu pra discordar?
AVALIAÇÃO
→ Foto de Adolfo Bioy Casares extraída da internet.
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