Diários #2 | Os livros da minha infância

O assunto da crônica de hoje, Dia das Crianças, não poderia ser outro se não os livros que marcaram a minha infância. Se não fosse por eles, dificilmente eu seria o mesmo leitor que sou hoje.

Antes de comentar os livros, porém, preciso ser justo e falar da minha adoração pela Turma da Mônica. Foi com os gibis dos personagens criados por Maurício de Sousa que minha mãe me ensinou a ler. Eu devia ter uns 5 anos. Obrigado, mãe, e valeu, Cascão!

cascao

Lembro que minha mãe lia para mim e minha irmã uns livros grandes e ilustrados, com contos de fadas e histórias como Alice no País das Maravilhas e Viagens de Gulliver, mas não sei quando os ganhei. Um dos primeiros livrinhos que me lembro de ter recebido de presente foi O carneirinho, escrito por Terezinha Éboli e ilustrado por Regina Yolanda. Com menos de 30 páginas, ele conta a história de um carneirinho que tem o pelo tosado pela primeira vez. Para se aquecer do frio, ele faz amizade com uma família de ursos. Na contracapa do volume, editado pela José Olympio, há um recado carinhoso de Carlos Drummond de Andrade, parabenizando a autora pelo livro.

o-carneirinho

A primeira obra com mais de 100 páginas que li foi o clássico de Maria José Dupré, O Cachorrinho Samba, publicado pela Ática. Provavelmente não me espantei com o fato do cachorro ser capaz de falar com outros animais, mas me lembro de ter ficado com medo de que Samba não conseguisse voltar pra casa, depois de ter se separado dos donos. Ao final da leitura, ficaram o alívio (xi, olha o spoiler) e o orgulho (afinal, eram 112 páginas).

o-cachorrinho-samba

Outro livro marcante da minha infância foi O Saci, do mestre Monteiro Lobato. Meu exemplar era de uma coleção do Círculo do Livro e trazia também Viagem ao céu. Por algum motivo misterioso, eu não conseguia emplacar na jornada da turma do Sítio do Picapau Amarelo pelo espaço sideral. Depois de vários recomeços, abandonei a primeira história do volume (que leria, finalmente, algum tempo depois) e avancei direto para a segunda. As aventuras de Pedrinho ao lado do Saci me fisgaram de cara. Aprendi sobre outras criaturas do folclore brasileiro, como o Boitatá, a Mula sem cabeça e a Cuca, e cheguei a sonhar que tinha capturado um saci na garrafa – usando, obviamente, uma peneira, da mesma forma que Pedrinho faz no livro.

o-saci

Minha cobiça por livros se manifestou pela primeira vez numa bela manhã, quando acordei com uma caixa cinza em forma de maleta sobre a mesa da sala. Tratava-se da coleção Primeira Enciclopédia, da editora Maltese. Um vendedor tinha passado mais cedo e, provavelmente, deixado um exemplar da coleção em cada casa da rua, para os moradores analisarem. Mais tarde, ele voltaria, recolhendo as enciclopédias ou concretizando as vendas. Quando vi aqueles livros, fiquei encantado. Eram oito volumes, com capas coloridas e muitas ilustrações. Os temas eram trabalhados no formato de perguntas e respostas. Meus pais não iriam comprar, mas diante do meu fascínio (e da minha carinha de cão sem dono), acabaram ficando com a coleção.  Li todos os volumes até de trás pra frente, e tenho a Primeira Enciclopédia até hoje.

enciclopedia

Pra encerrar, preciso falar de O planeta lilás, do Ziraldo. O livro foi publicado pela Melhoramentos e conta a história de um bichinho que mora no planeta do título. Um dia, ele constrói uma espaçonave para desbravar o universo, e embarca numa viagem cheia de cores e letras. Faço questão de não dar spoilers sobre essa obra, mas o seu final é capaz de encantar todos os apaixonados por livros.

o-planeta-lilas

O planeta lilás é lindo, mas ele é especial pra mim por outro motivo. O livro foi um presente de Natal do meu avô, Atílio Furlan. Ele tinha sofrido um derrame alguns meses antes, e estava com os movimentos comprometidos; mesmo assim, fez questão de escrever uma dedicatória pra mim:

dedicatoria

A você meu querido neto

Lembrança do teu avô que muito o estima

Porque você é um menino muito estudioso

Continue sempre assim

Atílio Furlan

21-12-1990

Feliz Dia das Crianças! E não esqueça de contar nos comentários quais foram os livros que marcaram a SUA infância!

Fotos: Lucas Furlan

4 comentários em “Diários #2 | Os livros da minha infância

  1. Acompanhei essa sua paixão por livros! Por isso a importância dos pais incentivarem desde cedo a leitura!!! Linda homenagem ao nosso avô!!! Parabéns pelo texto e obrigada por compartilhar momentos tão especiais!!!

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