Uma poltrona daquela

Achei a poltrona perfeita para leitura, o problema é que ela é confortável demais

Há algumas semanas, fui com a Claudia, minha esposa, até um hospital em Piracicaba. Ela tinha um exame para fazer e precisava coletar sangue. Como a Claudia tem pavor de agulhas, as enfermeiras levaram-na até um quarto para que ela ficasse mais relaxada. Eu, que não precisava relaxar, fui junto e me acomodei na poltrona azul que havia ali.

Para alívio da Clau, o sangue foi coletado com rapidez, mas as enfermeiras avisaram que o resultado demoraria para sair. Enquanto a gente aguardava, comecei a reparar na poltrona. Ela não tinha nada de mais, a não ser o fato de ser bastante confortável.

Pensei: “Eu deveria comprar uma poltrona assim para fazer minhas leituras”. Seria muito melhor do que ler na cama ou na escrivaninha.

Naquele momento, porém, só nos restava aguardar pelo exame. E como aguardamos… 

Com o tempo, comecei a sentir dor nas costas — normal, minhas costas doem com certa frequência. Para aliviar, reclinei o encosto da poltrona e deitei, esticando as pernas para a frente. Percebi, então, que a poltrona era ainda mais confortável do que eu havia notado.

Meu corpo ficou leve, e minha cabeça, pesada. Quando a Clau pegou o celular para responder uma mensagem, foi a deixa perfeita para que eu fechasse os olhos. Coisa rápida, só um pouquinho.

Apaguei e só acordei mais de uma hora depois.

Quando o resultado do exame finalmente ficou pronto, deu aquilo que já esperávamos. Obrigado, tchau, tudo de bom.

Fui embora com a certeza de que deveria comprar uma poltrona daquela. Não para ler, obviamente, apenas para sonecas. Se uma poltrona daquela se tornar meu local de leitura, eu nunca mais termino um livro na vida.


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