O fim da infância
Autor: Arthur C. Clarke
Tradutor: Carlos Angelo
Editora: Aleph
Páginas: 319
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Se na sua cabeça a ficção científica consiste apenas em alienígenas assassinos, robôs aventureiros e textos complicados, você vai mudar de ideia depois de ler O fim da infância.
A raça humana não está só
Escrito pelo inglês Arthur C. Clarke e publicado originalmente em 1953, o livro fisga o leitor logo em seu ponto de partida: a Terra é invadida por gigantescas naves alienígenas, que se posicionam ameaçadoramente sobre as principais cidades do planeta (sim, Independence Day bebeu dessa fonte).
Mas as semelhanças com o filme estrelado por Will Smith param por aí.
Apesar do susto inicial e da chocante descoberta de que “a raça humana não estava mais só”, os terráqueos percebem que os extraterrestres não querem destruir a população do planeta, muito pelo contrário.
Usando tecnologia avançada e tirando proveito do temor que suas presenças causam, os Senhores Supremos (como eles são batizados, contra a vontade) levam a humanidade para uma “Era de Ouro”. Chegam ao fim a miséria, a desigualdade e as doenças. Os maus tratos aos animais se tornam proibidos. As guerras deixam de existir, depois que as armas param de ser produzidas e as fronteiras entre os países são derrubadas.
Em troca de todos esses benefícios, os Senhores Supremos fazem duas exigências, que são logo acatadas: a primeira é que os Homens não poderiam vê-los e nem saber quais eram seus objetivos. Os alienígenas nunca descem das naves, e o único humano que tem acesso a Karellen, o líder deles, é o secretário-geral da ONU, Stormgren. Ainda assim, ele não vê o Supremo, apenas ouve sua voz.
Adeus, exploração espacial
A segunda exigência é que a humanidade deveria abandonar qualquer projeto de exploração espacial (lembrando que em 1953, quando O fim da infância foi publicado, ainda faltavam 4 anos até que o primeiro satélite fosse lançado, e 16 anos até que o homem pisasse na lua).
Essas regras fazem com que surjam grupos contrários à política e ao anonimato dos Senhores Supremos, com o argumento de que a liberdade da humanidade tinha sido tirada. Além disso, boa parte da população mundial fica “anestesiada” em frente às diversas opções de lazer e entretenimento, abandonando qualquer atividade que exigisse criatividade. Pra completar, a tecnologia alienígena foi capaz de provar que todas as religiões existentes eram fraudulentas.
Em meio a tudo isso, Stormgren precisa decidir se confia em Karellen ou se tenta esclarecer as dúvidas que surgem em seu coração humano.
Se O fim da infância ficasse “apenas” nisso, já seria um baita livro. Mas ele oferece mais, muito mais.

A narrativa é complexa, mas acessível
A trama acompanha quase dois séculos da relação entre os humanos e os Senhores Supremos! Com isso, personagens entram e saem da história, os cenários mudam (somos levados à África, à ilhas no Oceano Pacífico, e também ao fundo do mar e a outros sistemas solares). Aparecem na narrativa temas como telepatia, paranormalidade, liberdade de escolha, evolução, o papel da população terrestre no Universo… E sabe o que é o melhor? O fim da infância é muito acessível e fácil de ler (depois desse parágrafo você deve estar duvidando, mas eu juro que é verdade)!
O livro tem momentos de tirar o fôlego. A revelação da imagem de Karellen (que acontece antes da página 100) e a explicação para a sua aparência, já nas páginas finais, são completamente surpreendentes. O motivo da interferência dos Senhores Supremos na Terra também é desconcertante.
O fim da infância é uma das principais obras de Arthur C. Clarke, o que não quer dizer pouca coisa. Pra quem não sabe, o autor, morto em 2008, foi um das mentes (ao lado do diretor Stanley Kubrick) por trás de 2001: uma odisseia no espaço.
Essa edição ainda apresenta um primeiro capítulo alternativo (que Clarke escreveu em 1989, mas acabou desconsiderando) e o conto Anjo da guarda, publicado em 1950 e que foi o embrião do romance.
Já deu pra perceber que eu gostei do livro, né? Então, está recomendado! Corra atrás que vale a pena!
AVALIAÇÃO
→ Imagens extraídas da internet.
Um comentário em “Resenha | O fim da infância, de Arthur C. Clarke”