Resenha | Marada: a Mulher-Lobo, de Chris Claremont e John Bolton

Em 1980, a Marvel Comics começou a publicar uma revista com uma linha editorial diferente: a Epic Illustrated. Ela reunia histórias em quadrinhos voltadas para o público adulto e apresentava um conteúdo totalmente autoral, cujos direitos pertenciam não à editora, como era comum, mas sim aos autores. Na Epic Illustrated foram publicadas as únicas três histórias da personagem Marada, reunidas nessa edição de luxo lançada no Brasil pela editora Pipoca & Nanquim.

Marada foi criada por dois mestres: o roteirista Chris Claremont (o grande responsável pela popularização dos X-Men) e o desenhista John Bolton. Ela é uma guerreira nascida em Roma no século I, mas deixou sua terra natal ainda criança depois que seu pai foi morto nos primeiros anos do Império Romano. Sua habilidade no combate e sua ferocidade lhe renderam o apelido de “Mulher-Lobo”, e sua fama a precede em todos os lugares.

Mas na primeira história, A espada estilhaçada (publicada em 1982), não vemos Marada imediatamente em ação. Pelo contrário, ela está extremamente traumatizada e vulnerável depois de passar por uma grande violência. Um de seus principais objetivos é, portanto, recuperar a confiança e o gosto pelas batalhas — isso numa violenta realidade alternativa, onde humanos convivem com demônios e magos.

Espada & Feitiçaria

As outras duas aventuras da guerreira de cabelos prateados são Caçada real (1982) e A farsa do bruxo (1984). Apesar dos roteiros serem relativamente simples, as histórias devem agradar quem é fã de Espada & Feitiçaria. Entretanto, na minha opinião, o grande atrativo de Marada: a Mulher-Lobo são as artes de John Bolton. As ilustrações do desenhista inglês são lindas e riquíssimas em detalhes. As cenas de lutas são eletrizantes e muito dinâmicas.

É uma pena que exista tão pouco material sobre a personagem, que nunca mais foi retomada depois do fim da Epic Illustrated, em 1986 — ainda que Claremont e Bolton tenham repetido a parceria na HQ Dragão Negro, também publicada pela Pipoca & Nanquim. Embora as histórias sejam fechadas, a saga de Marada não se conclui. Eu gostaria muito de conhecer melhor esse universo e ver outras aventuras da Mulher-Lobo. Também gostaria de descobrir o que aconteceria quando ela voltasse para Roma e se visse no meio do jogo político do Império — esse era o plano de Chris Claremont para o futuro da trama.

De qualquer forma, a leitura de Marada: a Mulher-Lobo é muito bacana. Mesmo com poucas histórias e sem apresentar o desfecho da protagonista, trata-se de uma edição primorosa de uma HQ lindamente desenhada.


Capa de Marada, publicada pela Pipoca e Nanquim.

Avaliação: 4 de 5.

MARADA: A MULHER-LOBO
Autores:
Chris Claremont (roteiro) e John Bolton (arte)
Tradução: Bernardo Santana
Editora: Pipoca & Nanquim
Páginas: 112
Onde comprar: Amazon


Postado por Lucas Furlan

É formado em Comunicação Social e trabalha com criação de conteúdo para a internet. Toca guitarra e adora música e cinema, mas, antes de tudo, é um leitor apaixonado por livros.

2 comentários em “Resenha | Marada: a Mulher-Lobo, de Chris Claremont e John Bolton

  1. Mesmo não tendo aquele contato íntimo com quadrinhos, admiro demais os trabalhos que vão saindo e oh, falar de Pipoca & Nanquim, é chover no molhado né? rs
    O trabalho deles é impecável sempre!
    Ainda não conhecia o quadrinho acima, mas gostei muito das ilustrações que vi e sim, se puder, com certeza, darei uma chance, mesmo sendo assim, só um “pouquinho” rs
    Beijo

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